sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os "monstros" da modernidade








Os “monstros” da modernidade

Juro que não gostaria de abordar o tema, principalmente pelo motivo do mesmo ser já tão discutido, batido e clichê; atualmente o mesmo voltou ao foco após os fatídicos acontecimentos em Garanhuns (PE). Todavia, após a leitura de uma famosa revista de curiosidades/novidades tecnológicas e científicas resolvi entrar no mérito de trazer o assunto para reflexão.
O periódico, bem como os demais meios de comunicação que costumam abordar o tema psicopatia, o traz de maneira sensacionalista, como uma espécie de freakshow, e aponta situações de pessoas que provavelmente vivenciaram tal drama.
Incrível é que quando esses personagens são apresentados, seja em clássicos do cinema ou na programação televisiva, alguns chegam a se tornar alvos de identificação por promoverem causas “nobres”, que ironia (será que seria possível). Por outro lado os casos apresentados no noticiário, esses sim, são execrados, repudiados, condenados. Quais as origens de sentimentos tão contraditórios?
Projetar nossos medos e maldades sob determinadas figuras, de uma forma geral, nos defende de perceber nossos próprios instintos. É óbvio que na ficção muitas coisas se permitem ser realizadas e teoricamente as nossas identificações e fantasias não prejudicariam diretamente outrem, enquanto que quando esses eventos fatalmente acontecem na vida real acabam por impor o fim a algumas vidas e o sofrimento a tantas outras. Justificado estaria nosso repúdio.
A psicopatia seria enquadrada pelo pensamento psicanalítico como uma estrutura perversa[1]. A reflexão trilha ainda sobre o pensamento: “O que é ser perverso?”, estaria tão distante do homem? Aprofundando um pouco mais nossos pensamentos chega-se a conclusão que a “humanidade” não seria algo natural/inato ao homem e sim algo construído através de nossa civilização e que nos permite a vida “segura em sociedade”. Afinal de contas, embora constitua um perigo para nossa convivência, nossa luta é pelo controle de nossos impulsos, parece que mesmo os mais tenebrosos nos são inerentes.

Ônus de nossa civilização (ou como diria Raul “belo quadro social”)!






Diego Francisco Lima 
CRP-02/15791




[1] A psicanálise (inclusive influenciando boa parte do conhecimento vigente sobre a psicopatia) divide em três as estruturas da personalidade: Neuróticos, Psicóticos e Perversos. Didaticamente e de forma muito resumida poderia mencionar que os primeiros sofrem com a realidade, suas leis e imposições, mas a aceitam, o segundo grupo sofre, porém a nega, e o terceiro simplesmente a ignora.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Bem Estar






            Bem Estar

É Notável, e em determinados contextos até mesmo plausível, a transformação nos atuais modelos de tratamentos no contexto da saúde. “Expiraram” os métodos exclusivamente curativos e com ênfase na doença. Aparentemente foi-se o tempo em que os profissionais de saúde mantinham o foco na doença e no tratamento particionado em órgãos: dificuldades renais, no fígado, no coração, etc.
Esse modelo mecanicista influenciado pelo pensamento cartesiano que via o homem como uma máquina o homem saudável como um relógio bem feito e a doença como um defeito na engrenagem foi atualmente substituído por um modelo preventivo com ênfase na saúde e que enxerga mais amplamente esse processo, por intermédio de seus inúmeros determinantes: alimentação, prática de atividades físicas, lazer, entre outros.
Contudo, gostaria de deixar aberta a reflexão a respeito da influência ou quem sabe a determinação, dos “wellness” em nosso atual modo de vida. Parece-me que a saúde perfeita transformou-se em nossa derradeira utopia; embora o cuidado com o corpo pareça algo muito real com foco em algo concreto, o que se percebe é a idealização de um estado físico que exige cada vez mais de seus adeptos e estigmatiza aquele que não se engaja a fio nessa empreitada.
Ao perceber determinadas iniciativas em prol de uma vida saudável, através de uma ditadura do corpo (o que Jurandir Freire chegou a denominar “bio-ascese”), reflito qual seria sua verdadeira utilidade, visto que a cada dia reduz-se o leque de opções referentes a estilos de vida a serem adotados, tornando-nos obrigados a evidenciar nossa jovialidade e bem-estar.
Até onde poderá nos conduzir esse paradigma?





Diego Francisco Lima 
CRP-02/15791


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Diagnósticos, diagnósticos...








Diagnósticos, diagnósticos...

De origem interessante (do grego DIAGIGNÓSKEIN, significando "distinguir, discernir, diferenciar", formado por DIA-, "à parte"; mais GIGNÓSKEIN, "saber, perceber, captar; e do latim diagnosticu  [dia= “através de, durante, por meio de"]+ [gnosticu="alusivo ao conhecimento de"]), a palavra Diagnóstico ronda a ciência médica e curativa. A partir de sua aplicação se pensa o prognóstico e o tratamento do cliente.
É perceptível que a detecção e o tratamento de determinadas patologias ocorrem de maneira muito mais rápida e possivelmente eficaz a partir de sua efetivação.
Contudo, deve-se alertar da possibilidade de imprecisão existente mesmo nos procedimentos diagnósticos mais sofisticados, afinal de contas a medicina é uma ciência humana e não exata, logo, depende de inúmeros fatores para atingir seus resultados.
Se o diagnóstico de enfermidades mensuráveis pode conduzir a equívocos, imagine-se o diagnóstico de patologias mentais. Os Psicodiagnósticos deveriam ser manejados de maneira muito mais cuidadosa; apesar de se popularizarem termos como hiperativos, bipolares, entre outros, esses se efetuados de maneira leviana podem principalmente condenar determinadas pessoas a determinados estigmas.
Finalizando o nosso assunto, não podemos perder de vista que os diagnósticos clínicos, sejam eles efetuados em quaisquer especialidades, servem tão somente como mapas que conduzem a um melhor entendimento do cliente sem excluir as especificidades daquela vida que está diante de nós.




Diego Francisco Lima 
CRP-02/15791